Potosí, situada a quase 4.000 metros de altitude, foi durante muito tempo a jóia da coroa espanhola. Inventada pelos colonizadores quando da descoberta de prata na região, tornou-se a cidade mais rica do mundo no século XVII. A argentum sacra fames gerou um surto demográfico que colocou a cidade entre as mais populosas do planeta, equiparável à Paris e Londres da época. O Cerro Rico, que fica dentro da cidade, é a montanha de onde tiraram a maior parte da prata que embarcou para a Europa durante o domínio espanhol. Pela importância da extração de metais preciosos, Potosí foi como Ouro Preto para o Brasil, mas em proporções muito maiores no caso boliviano. No período colonial, a cidade foi dividida em duas partes, separadas por um portal: o lado espanhol e o lado indígena. Na parte européia, onde viviam os fidalgos e administradores públicos, as ruas são retas e os edifícios têm grandes portadas, pois foram inspirados na arquitetura andaluza e lá o clima é bastante árido. A parte inca (foto), onde fica o Cerro Rico, foi e continua sendo habitada pelos indígenas trabalhadores das minas e tem ruas sinuosas e irregulares, adaptadas para bloquear o vento frio típico do altiplano boliviano. Entre as construções mais importantes da cidade está a Casa de la Moneda, onde eram cunhadas as moedas com o selo real. Tanta prata foi tirada das entranhas do Cerro Rico que, por dentro, ele se assemelha a um queijo suíço, cheio de caminhos e minas onde já morreram e continuam morrendo milhares de descendentes de incas. Geólogos acreditam que, caso a atividade mineradora continue, o Cerro pode desabar por falta de sustentação interna. Não obstante, a prata continua sendo um dos principais produtos na pauta de exportação da Bolívia e ainda é responsável por movimentar a economia e os habitantes da cidade histórica. Conta-se que, no período áureo (ou melhor, argênteo), as moedas cunhadas em Potosí tinham circulação em toda a Europa e até mesmo no Japão.
Hoje, a Bolívia é o país mais pobre da América do Sul e a moeda nacional, o Peso Boliviano, por falta de tecnologia, é confeccionada no Canadá.
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