terça-feira, 20 de abril de 2010

Da mansarda

A partir de hoje, convido todos que acompanham este blog a seguir as minhas e outras conversas em um novo endereço. Como muitas coisas em nossas vidas são unificadas, eu, Rodolfo, Rafael e Pedro unificamos nossos blogs. De lá, continuaremos a olhar.

Este endereço permanece, mas como um arquivo. Um dia, quem sabe, volto aqui para falar sozinho, mas com vocês. Agora, à mansarda!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Ética, estética e engenharia urbana


Lukács, por razões que fogem ao objetivo dessa breve postagem, considera em seu tratado inacabado sobre estética que a Arquitetura, ao contrário das demais formas de manifestação artística, apenas regrediu com a emergência do modo de produção capitalista. Para o autor, essa arte não experimentou nenhum avanço significativo desde a consolidação da sociedade industrial, sendo consumida e diminuída diante dos imperativos sociais próprios da modernidade. O que me faz recordar os elementos da filosofia lukacsiana não é somente a questão estética, mas a constatação de que outros importantes campos da atividade humana aparentemente também padecem do mesmo mal apontado pelo autor. A engenharia urbana (intimamente relacionada às preocupações de Lukács sobre a Arquitetura) é uma das práticas que parece apenas piorar com o avanço daquilo que chamam Progresso, pelo menos do lado de cá dos trópicos. O homem constrói cidades há pelo menos cinco mil anos, mas até hoje não conseguiram fazer um sistema de drenagem eficiente para as cidades brasileiras. Por aqui, chuva forte é sempre sinônimo de caos.

Ao longo da história, diversas sociedades demonstraram métodos de lidar com as intempéries. Será que a Roma Antiga sofreria tão recorrentemente com enchentes causadas por chuvas? Machu Picchu, no topo das montanhas, é um exemplo que resiste ao tempo e ao clima de uma das regiões mais chuvosas do continente americano. O homem já foi à lua e é capaz de edificar os maiores arranha-céus que a imaginação concebe, cavando fundações que parecem se aproximar do centro da terra. Por outro lado, não se preocupa em construir galerias e sistemas de esgoto compatíveis com a voracidade imobiliária das nossas grandes cidades. Na verdade, o problema não está na evolução das técnicas de engenharia urbana, mas naquilo que é definido como prioridade e como modelo de expansão urbana. O dever ser projetado para as cidades de países como o nosso quase sempre exclui das considerações as obras de infraestrutura necessárias a tornar o espaço mais humano e realmente em consonância com as necessidades de seus habitantes. O que importa não são propriamente as condições de vida, mas a necessidade de adequar a arquitetura social às necessidades de expansão desenfreada do lucro. A questão envolve diferentes aspectos, mas reside sobre o pano de fundo histórico das relações entre ética e capitalismo, entre pensar em si e pensar em nós.

PS: A única drenagem eficiente de que tive notícia durante as enchentes no Rio de Janeiro foi a do estádio do Maracanã. Parece piada.

PPS: Quando penso no viaduto do Minhocão, em São Paulo, ou na extinção dos sobrados que outrora abundavam no Rio Antigo, tenho certeza de que Lukács tinha razão.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Porque una pasión es una pasión


El tipo puede cambiar de todo... De cara, de casa, de familia, de novia, de religión, de dios. Pero hay una cosa que no puede cambiar, Benjamín: no puede cambiar de pasión.