terça-feira, 14 de julho de 2009

Por que estudar Economia

A relação entre a indústria, o mundo da riqueza em geral
e o mundo político é um problema maior da época moderna.
K. Marx


Certa vez, num quarto de albergue no Deserto do Atacama, perguntaram-me o que me fez decidir pelo mestrado em Economia. Confesso que não me sentia preparado para responder, mas acho que, de forma geral, a resposta que dei está incluída na citação acima. Essa frase traz, além do conforto de expressar o motivo da minha escolha, duas implicações importantes.

A primeira delas é que, não obstante todas as transformações por que o mundo passou desde a Revolução Industrial, ainda vivemos, saibamos e queiramos isso ou não, sob o jugo do capital, filho pródigo da época Moderna. Vender a força de trabalho no home office continua sendo verder força de trabalho. O estranhamento com relação à produção incessante de mercadorias continua operando e, principalmente, a massa de miseráveis, população literalmente supérflua, continua aumentando. Se isso não é capitalismo, não sei o que pode ser. Essa constatação faz do pós-modernismo uma grande piada de mau gosto.

A segunda constatação decorre imediatamente da primeira e representa um esclarecimento importante. Marx não descreveu o sistema fabril inglês do século XIX, descreveu a essência de um modo de produção que tem como tendência a expansão ilimitada das forças produtivas, fazendo do homem objeto e do capital o sujeito de exploração. Isso não impede, e seria contrário ao próprio método de Marx, que sua teoria seja ampliada para dar conta de novas formas de manifestação da contradição capital-trabalho, inclusive as dos softwares livres imateriais Resultado: há muito o que fazer e pensar.

Perguntaram a Eric Hobsbawn, renomado historiador marxista, qual a diferença entre um marxista e um historiador. "Nenhuma", respondeu ele. O método de Marx, o materialismo histórico, não seria marxista se não estivesse apto a dar conta das transformações sociais. ocorridas ao longo da História. Por isso, enquanto houver capitalismo (no mínimo), haverá marxismo.

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