terça-feira, 5 de maio de 2009

Lunes al sol

Outro dia pensamos sobre a tristeza espalhada na cidade de Buenos Aires. Tristeza velada, discreta, mais em nós mesmos do que na própria cidade, mas que é impossível de nao sentir em um fim de tarde de domingo sobre o Rio da Prata. Talvez domingos sejam todos melancólicos, mas isso apenas confirma que nenhuma cidade está a salvo dessa tristeza urbana.

Mas, como em todo lugar, logo aparecem razoes para suspirar de alegria. Depois de um domingo melancólico, nada melhor que uma segunda-feira ao sol. Periquitos verdes voando no centro da cidade e um sol amarelado que rasga o azul celeste mostrando todo o sentido da bandeira desse país. Vida acontecendo em cada restaurante velho, em cada ônibus que passa, em cada sacola de supermercado. Parques lindos onde se pode ficar por toda a eternidade de uma tarde ensolarada. Dormir ao sol.

Mas, como em todo lugar, para cada charme escondido existe uma injustiça desvelada. Um subúrbio visto de cima, uma criança de rua no parque, um sonho desfeito em lágrimas. Por vezes, retumba em meu peito algo parecido com uma marcha russa. Esse movimento me faz sentir a vibraçao de toda a humanidade pulsante nas colunas dos edifícios. Em Brixton, Bronx, Baixada ou La Boca, não há charme, há funk. Buenos Aires existe. A América Latina existe.

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