Lembro como se fosse hoje. Era ano de vestibular e eu estava sentado na mesa da sala de jantar da minha casa com dois amigos, Caio e Gabriel. Estudávamos física para a prova que se aproximava. O barulho da TV ligada no quarto dos meus pais vazava para a sala, mas não incomodava. Estávamos todos apreensivos esperando o resultado que seria anunciado a qualquer momento. Por descuido, alguém saiu do quarto e deixou a porta bem aberta. Nesse instante, a vinheta inconfundível do Domingão do Faustão anunciou o início de mais um fim de tarde de domingo. Mas aquele não era um domingo qualquer. Por ironia do destino, o apresentador do mais coagido dos vídeos, Fausto Silva, símbolo supremo da nulidade cósmica, com uma indisfarçável efusividade programada, abriu o programa com a seguinte frase: "27 de outubro de 2002, Luis Inácio Lula da Silva é o novo presidente do Brasil".
A noite foi de festa. Eu não deixava de pensar que debutávamos na vida adulta com o episódio mais esperado desde a redemocratização: a eleição do presidente operário. Tínhamos 17 anos e a história se mostrava promissora diante de nossas férteis e imaturas mentes esperançosas. No meu primeiro voto, elegi um presidente popular, retirante, mestiço, sem dedo. Fomos à Avenida 13 de Maio comemorar com outros milhares de eleitores a vitória da esperança. Depois de algumas horas de euforia cantando o hino nacional, abraçando desconhecidos e vendo a alegria genuína no rosto das pessoas, como numa terça-feira de carnaval, as serpentinas no chão sinalizavam que a folia estava terminando. Aos poucos, a multidão se dispersava e nós, cansados de felicidade, pensávamos em voltar para casa. Estávamos os três de pé no meio da avenida ,já quase vazia, quando Caio disse: "Acho que está acabando". Após um curto silêncio que só fez o momento ainda mais solene, Gabriel respondeu: "Está apenas começando".
A noite foi de festa. Eu não deixava de pensar que debutávamos na vida adulta com o episódio mais esperado desde a redemocratização: a eleição do presidente operário. Tínhamos 17 anos e a história se mostrava promissora diante de nossas férteis e imaturas mentes esperançosas. No meu primeiro voto, elegi um presidente popular, retirante, mestiço, sem dedo. Fomos à Avenida 13 de Maio comemorar com outros milhares de eleitores a vitória da esperança. Depois de algumas horas de euforia cantando o hino nacional, abraçando desconhecidos e vendo a alegria genuína no rosto das pessoas, como numa terça-feira de carnaval, as serpentinas no chão sinalizavam que a folia estava terminando. Aos poucos, a multidão se dispersava e nós, cansados de felicidade, pensávamos em voltar para casa. Estávamos os três de pé no meio da avenida ,já quase vazia, quando Caio disse: "Acho que está acabando". Após um curto silêncio que só fez o momento ainda mais solene, Gabriel respondeu: "Está apenas começando".
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